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Riscos Psicossociais: do custo humano ao pesado impacto financeiro e Legal

  • Foto do escritor: Rafaela Ussier
    Rafaela Ussier
  • 1 de set.
  • 4 min de leitura

A escalada do adoecimento mental no ambiente de trabalho brasileiro não é apenas uma questão de saúde importante, mas também um problema de negócios com ramificações legais e financeiras substanciais. A inação corporativa diante dos riscos psicossociais, como estresse, assédio e sobrecarga, traduz-se em perdas que afetam diretamente o balanço patrimonial e a sustentabilidade a longo prazo das empresas.


O cenário de adoecimento ocupacional no Brasil


O Brasil enfrenta uma crise de saúde mental sem precedentes no mundo do trabalho. Segundo dados oficiais, os afastamentos por problemas de saúde mental aumentaram 134% em um ano.1 Em 2023, mais de 288 mil pessoas foram afastadas por questões de saúde mental, um número que reforça a urgência do problema para empresas e o sistema previdenciário.2 A crise é impulsionada principalmente por transtornos como ansiedade e depressão, cujos afastamentos mais que dobraram em uma década, atingindo um recorde histórico de mais de 440 mil em 2024.3 O fenômeno não é uniforme: setores como Varejo, Atendimento ao Cliente, Setor Financeiro e Saúde, expostos a fatores como pressão constante, metas agressivas e sobrecarga emocional, mostram maior vulnerabilidade.4


Além disso, a Síndrome de Burnout, classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional decorrente do estresse crônico no trabalho, acomete cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros, colocando o país na segunda posição do ranking mundial de casos.5 Este dado alarmante não apenas reflete o sofrimento humano, mas também a crescente judicialização, com um aumento de mais de 1.000% nos processos por Burnout nos últimos dez anos.7


O custo oculto da crise:

Absenteísmo, Presenteísmo e Turnover


Os riscos psicossociais manifestam-se de forma mais perversa através de custos ocultos. O absenteísmo (ausência no trabalho) e o presenteísmo (estar fisicamente presente, mas improdutivo) corroem a eficiência e a lucratividade das organizações. A OMS e a OIT estimam que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente no mundo por doenças como depressão e ansiedade.1 No Brasil, o presenteísmo atinge uma média de 31% da folha de pagamento, um dado que traduz a ineficiência em números: é como se as empresas tivessem de contratar 10 pessoas para obter o trabalho de 7. Esse "custo invisível" se disfarça em metas não batidas, retrabalhos, erros de produção e o uso excessivo do plano de saúde.

O turnover (rotatividade) é outro custo direto da negligência com o bem-estar. Houve um crescimento significativo, de 56% no turnover no Brasil pós-pandemia 12, impulsionado pela busca de ambientes de trabalho mais saudáveis e por uma cultura de maior apoio emocional.12 A perda de mão de obra qualificada, somada aos custos de recrutamento e treinamento, prejudica a sustentabilidade de médio e longo prazo.13


A escalada do risco legal: Judicialização e a Nova NR-1


O TST e o Ministério Público do Trabalho (MPT) têm se posicionado de forma cada vez mais rigorosa. Processos trabalhistas relacionados ao Burnout totalizaram R$ 2,48 bilhões em gastos para as empresas entre 2014 e 2022, com uma média de R$ 306 mil por processo.13 A jurisprudência já se consolida no reconhecimento do Burnout como acidente de trabalho, levando à reintegração de funcionários e ao pagamento de indenização por dano moral.15

Mais do que isso, a Justiça do Trabalho reconhece o "assédio moral organizacional", que responsabiliza a empresa mesmo que o tratamento inadequado seja dirigido a vários empregados, e não apenas a um, por violar a dignidade humana e o direito a um ambiente de trabalho saudável.16

A legislação brasileira, atenta a essa realidade, se move para formalizar a responsabilidade das empresas. A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), com vigência a partir de maio de 2025, estabelece que a gestão dos riscos psicossociais, ao lado dos riscos físicos e biológicos, é uma exigência formal dentro do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). 


Essa mudança é um marco, transformando a boa prática em uma obrigação legal, cujo descumprimento pode acarretar multas e sanções. Isso força as organizações a internalizarem que o investimento em saúde é um investimento que traz benefícios para todos os envolvidos.


A seguir, a Tabela 1 sintetiza o custo da inação:


Tipo de Custo

Descrição

Dados Reais no Brasil

Legal

Gastos com processos trabalhistas por burnout, dano moral e assédio.

R$ 2,48 bilhões em 8 anos; média de R$ 306 mil por processo.

Previdenciário

Afastamentos do trabalho por problemas de saúde mental.

Mais de 288 mil pessoas em 2023; aumento de 134% em um ano.

Produtividade

Redução de eficiência pelo presenteísmo.

31% da folha de pagamento desperdiçada.

Rotatividade (Turnover)

Perda de talentos e custos de recrutamento.

Aumento de 56% no período pós-pandemia.


Dicas Práticas:


  • Monitore indicadores de absenteísmo, presenteísmo e turnover para quantificar o impacto da saúde mental.

  • Realize auditorias internas para identificar e mapear os riscos psicossociais.

  • Implemente programas de promoção de bem-estar e prevenção de riscos psicossociais.

  • Treine líderes e gestores sobre a importância da saúde mental no trabalho e sobre os riscos psicossociais.

  • Conscientize todos sobre as implicações legais da negligência.


Dois ambientes de trabalho antagônicos
Dois ambientes de trabalho antagônicos

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